terça-feira, 8 de dezembro de 2009

FESTA É FESTA & FELIZ NATAL

O plástico fiasco da festa de premiação promovida pela CBF comprova que o melhor mesmo do Brasileirão-2009 foi o regulamento, a fórmula do campeonato.

Os pontos corridos garantiram - mais do que a emoção dos torcedores e os altos e abismos dos cartolas - os mais elevados índices de sintonia nas emissoras de rádio e TV que se esbaldaram em audiência e patrocínios. Os jornais - jeito antigo de fazer notícia - e a webmedia também não têm do que se queixar.

Até os clubes descobriram nesta temporada que o futebol guarda surpresas de bilheteria nunca dantes imaginados. Os cambistas se fartaram de tal forma que sobrou até para repartir algum com a turma dos bastidores que precisavam de respaldo para rechear as malas brancas e pretas que nem a banda de Arruda, em Brasília, ousaria imaginar.

Na bola, bola mesmo, o Brasileirão foi nivelado por baixo. Gordos, mais ou menos depauperados - alguns astros cadentes vieram da Europa e outros confins, para ganhar status de estrela emergentes, missão mais que possível em um universo de cabeças de bagre e pernas de pau.

Cumprida a sua mole tarefa de velhos craques, eles melaram a festa de puro marketing da CBF, empresários, agências de consultoria esportiva, vendedores de material esportivo e remédios contra o peso da idade e da fama.

Assim é que o goleirão Marcos, nem foi lá para ver Diego Souza receber o troféu de melhor jogador do cam-peonato. Marcão fez muito bem: Diego foi o melhor para os autores da festa, mas o goleiraço foi, disparado, o melhor jogador do Palmeiras.

Ronaldo, o Fenômeno imberbe da recuperação ósseo-muscular, também não foi. Tinha mais o que fazer em casa, diante do espelho com um aparelho de barbear Bozzano. O artefato pode ser bom pra pele, mas não elimina os pneus cinturados.

Adriano, goleador da competição em parceria dom Diego Tardelli, não teve tempo suficiente para voltar à sobriedade que desleixou na festa de celebração pela conquista flamenguista que promoveu em seu ninho de águia, lá no morro, onde é o verdadeiro imperador.

O longevo Fred escafredeu-se da surrada e breguíssima solenidade da cartolagem nacional que cria nos protagonistas da homenagem o constrangimento de se enfiarem em ternos e gravatas, quando gostam mesmo é de calçar chuteiras, vestir calções e camisetas que trocam, ao correr de uma temporada, assim como quem troca de camisa.

Ninguém sabe, ninguém viu, nem sequer lembrou se Vanderlei Luxemburgo esteve por lá. Ele, decerto, não se sentiria bem numa solenidade assim vestindo abrigo esportivo, ou bermuda - já que paletó e gravata ele usa mesmo é dentro de campo, nos dias de jogo.

No resumo da ópera em que o grande solo coube à magistral apresentação de Andrade - o Humilde, o elenco dos melhores intérpretes da alma que povoou os estádios durante a exaustiva peça pregada aos torcedores formou o grupo dos vencedores:

Victor, do Grêmio - o melhor goleiro; André Dias e Miranda - zaga do São Paulo; os laterais, Jonathan, do Cruzeiro e Júlio César, do Goiás - os laterais; Guiñazu do Internacional, Hernanes do São Paulo, Diego Souza do Palmeiras e Petkovic do Flamengo - no meio-campo; Diego Tardelli do Atlético-MG e Adriano Imperador rubro-negro chegaram juntos no ataque. Foram os goleadores do campeonato.

Então, para encerrar a temporada convoque esse time e faça um amistoso contra o brioso Huracán da velha e boa Argentina, ou o galante LDU do notável futebol equatoriano. Damos dois gols e pegamos qualquer um de los hermanos. Com a bilheteria do espetáculo terão todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo. A grana da aposta será usada para comprar um sorriso amarelo para Muricy Ramalho.