Nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália-2000 o Brasil não conquistou nenhuma medalha de ouro, conseguiu seis de prata e seis de bronze. Ficou na 52ª posição no ranking internacional olímpico.
Em Atenas, Grécia-2004 o Brasil abocanhou 16 medalhas de ouro, 22 de prata e 38 de bronze. Alcançou assim o 38° lugar na classificação mundial.
Na Olimpíada de Pequim-2008, o Brasil ganhou tres medalhas de ouro, quatro de prata e oito de bronze e ostenta a 23ª posição no ranking oficial do Comitê Olímpico Internacional.
O que foi que aconteceu com o esporte de alto rendimento no Brasil nessa maratona de 10 anos de Olimpíadas? Já se vê... Mas é bom que se vá por partes. Segundo o IBGE a população brasileira em 2000 era de 136 milhões de pessoas.
Hoje, ainda que o IBGE não tenha conseguido concluir o recenseamento de 2010, o Brasil tem mais de 194 milhões de habitantes.
Uma década depois de Sydney, nasceram no Brasil nada mais, nada menos do que 58 milhões de pessoas. Isso equivale à população de quase dois países com a população da Argentina e, pelo menos, uma dúzia de Uruguais.
Pelo visto, nenhum desses mais de 58 milhões de novos brasileiros traz o gene, o selo, o carimbo do herói olímpico. O esporte de alto rendimento, seja qual for a modalidade, não é genético. Do contrário, o filho do Rivelino teria uma patada atômica como ele tinha; o herdeiro de Pelé não iria jogar no gol; a filha da Hortênsia nasceria com a cara de um aro de basquete; o primogênito de Oscar já chegaria ao mundo com a mão santa.
O medalhista olímpico, o derrubador de pódiuns não nasce com ouro, prata ou bronze nas veias. Ele precisa ser inoculado com doses permanentes de incentivo e preparação técnica e científica; doses aviadas com base em uma política de formação esportiva sistemática e organizada. No Brasil, ninguém morre dessa cura. Esse é o mal.
Quem está nos devendo esse saneamento básico no mundo esportivo é o Comitê Olímpico Brasileiro. O COB é a entidade máxima do esporte no Brasil. O Comitê existe para "representar o Olimpismo e difundir o ideal olímpico no território brasileiro". Presidido por Carlos Arthur Nuzman, o COB se orgulha de organizar o Prêmio Brasil Olímpico, que premia, com pompa e circunstância, "os melhores atletas" do Brasil no ano.
É o COB que nos deve o título de uma das p´rimeiras e maiores potências mundiais olímpicas porque, nos últimos dez anos, pulamos de 136 milhões para 194 milhões de habitantes. Somos - além dos mais antigos - 58 milhões de novos brasileiros para disputar 28 esportes nos Jogos de 2016. Considerados os 194 milhões, seriam 7 milhões de prováveis candidatos para cada esporte; no terreno olímpico, mais de 2 milhões de eventuais novos atletas por modalidade olímpica. Mas esse é o único tipo de promessa que não surge no Brasil.
RODAPÉ - Para que a carga não fique tão pesada nas costas do Nuzman e seu Comitê, é bom começar a cobrar a participação de quem usa fraque e cartola nas confederações das modalidades que integram o programa olímpico: Confederação Brasileira de Atletismo / Confederação Brasileira de Badminton / Confederação Brasileira de Basketball / Confederação Brasileira de Boxe / Confederação Brasileira de Canoagem / Confederação Brasileira de Ciclismo / Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos / Confederação Brasileira de Desportos na Neve / Confederação Brasileira de Desportos no Gelo / Confederação Brasileira de Esgrima / Confederação Brasileira de Futebol / Confederação Brasileira de Ginástica / Confederação Brasileira de Golfe / Confederação Brasileira de Handebol / Confederação Brasileira de Hipismo / Confederação Brasileira de Hóquei sobre a Grama e Indoor / Confederação Brasileira de Judô / Confederação Brasileira de Levantamento de Peso / Confederação Brasileira de Lutas Associadas / Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno / Confederação Brasileira de Remo / Confederação Brasileira de Rugby / Confederação Brasileira de Taekwondo / Confederação Brasileira de Tênis / Confederação Brasileira de Tênis de Mesa / Confederação Brasileira de Tiro com Arco / Confederação Brasileira de Tiro Esportivo / Confederação Brasileira de Triathlon / Confederação Brasileira de Voleibol / Confederação Brasileira de Vela e Motor.